Há dias que se arrastam, tornam-se semanas. São efectivamente semanas de uma confusão generalizada em que nada parece assentar, em que nada se encaixa, em que peça por peça tudo se desmonta. Dias nublados, cinzentos com nuvens escuras a pairar, um tecto que pode desabar a qualquer momento. E esses dias que são na verdade semanas, ao longe vão ser recordados como dias, porque a duração das semanas se dilui, desfaz-se, é quase nada. E ao recordar as semanas, que foram efectivamente semanas, serão apenas dois ou três dias de memórias, porque tudo é tão confuso com as nuvens pesadas, o céu cinzento, o ar que custa a respirar, o tecto prestes a desabar...
Na oficina...
E no mecânico, eu digo: É que o carro está a fazer um barulho esquisito por baixo. Ora numa roda, ou noutra... E às vezes é quando viro, noutra é quando meto a mudança.... E o mecânico olha para mim com um ar baralhado e diz: Mas qual é o barulho? É que ele faz barulhos por todo o lado.
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