A Grécia, o referendo deles e a nossa apatia


Surpreendentemente (ou não), ao contrário do que declaravam as isentas sondagens a que tivemos acesso durante a semana (vitória do "sim" ou o "empate técnico") e apesar da campanha suja com reportagens e imagens falsas, com informação deturpada (e mesmo inventada), o OXI foi vitorioso. Ganhou a dignidade dos gregos e ganhou a esperança dos portugueses. 
Hoje viveu-se História. Ninguém parece saber o que vai acontecer, ainda que todos os isentos comentadores políticos ou económicos debitem, com extrema facilidade, teorias sobre todas as possibilidades. Felizmente para a Europa (e refiro-me aos europeus como eu, não à Europa-Europa), os gregos não se deixam levar por previsões, sondagens, teorias ou opiniões e independentemente do que aconteça daqui para a frente, têm a cabeça erguida. 
Sabemos que os gregos têm pela frente dias muito difíceis, mas os dias difíceis são sempre mais suportáveis quando temos a espinha direita. 
Vivo com muita emoção estas demonstrações de coragem, de união, de dignidade (acho que esta é a palavra do dia) porque estou à espera que, a qualquer altura, nós - portugueses também esmagados pela austeridade, pela dívida que não é nossa, por decisões que nos destroem dia a dia, que nos roubam a esperança e a capacidade de ver para além do fim do mês - consigamos também levantar a cabeça do peito, tirar as mãos dos bolsos, olhar para a frente e meter os pés ao caminho, acredito que nos possamos encontrar com os gregos a meio do percurso. Unidos seremos sempre mais fortes.

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