Em ares de retrospectiva....


2015 passou a correr, mas foi muito comprido.
Passavam poucas horas do novo ano quando dei por mim a aterrar de costas no chão. 2015 começou os dedos da mão cosidos e dores pelo corpo todo. Berlim! A mana foi-me buscar. Bebemos café intragável, vimos o que podíamos em três dias, perdemo-nos e tivemos medo de estranhos em ruas escuras e rimo-nos muito. 
Trabalho novo com colombianos e cubanos! Pé torcido. Muletas. Festival de teatro de um mês, concertos, espectáculos, noitadas com músicos, actores, cantores... momentos inesquecíveis. Marvão tão bonita e com gente e mercearias belíssimas... Colômbia e Cuba gente fabulosa, comidas estranhas, bebidas fortes, gente simpática. O trabalho bem aceite, gargalhadas, muitas. Desencontros, mais que muitos. 
Candidatura aprovada - iei! um ano mais sossegado! Só que não. Turbulência. É preciso mais concentração. Mais foco. E já tenho passaporte - agora é "só" carimbá-lo. Finalmente uma escova de dentes eléctrica! Filmes no avião às pazadas, não eram especialmente bons. "A Insustentável Leveza do Ser" para sempre é Colômbia e Cuba. Museus corridos de ponta a ponta. Lautrec em Bogotá, Dali em Berlim. Topografia do Horror, nome bem escolhido, o sorriso ofende num sítio destes. Muros. Derrubados. Outros a serem construídos. 
Uma batedeira de arames - finalmente!
E muros, vá de muros. visíveis e outros nem tanto, mas tão palpáveis. Desencontros, já disse? Espectáculos pelo país, conhecer gente, ver como trabalham, ser bem recebida. Férias.... peixe fresco grelhado, salada de pimentos e mar e sal e que mais? Tranquilidade. 
Olha os saldos - as minhas primeiras Levis! 
Ensaios. Pé torcido. Muletas, gelo. Fisioterapia. Análises e check up feitos, tirando um pé que não vale a nada, a médica está convencida que não me posso queixar de nada. Fui apalpada, sentida, endireitada por um osteopata/endireita/mágico com uma barba branca chamado Natal.
Encenar. Experiência, 1, 2, Experiência?! ... muita batalha, tão pouco tempo.... Dar formação. Grupo tão bom, fazem-me ler, estudar....
Não escrevi coisa nenhuma este ano e sinto falta. Li mais, vi mais filmes, vi muito mais espectáculos, mais concertos. Viajei que me fartei. Vou aprendendo a não ter vergonha de ser eu. A não sentir culpa por ser. Adaptei-me, tentei, esforcei-me, mas contra paredes ninguém ganha. O mundo também é isto: rodearmo-nos de pessoas cujos defeitos não nos custe aguentar.
Percebi um bocadinho melhor onde depositar as energias, onde fazer finca-pé, de onde não devo arredar, onde devo insistir. Não dancei, porque andei muito de muletas. Estive muito tempo sozinha. Pensei e pensei e tentei ouvir mais música, vi muitas séries - uma pessoa às vezes precisa de deixar de pensar. E com a minha bimby consegui fazer sopa comestível!
Acabo o ano com a sensação de que estes 365 dias foram uma viagem atribulada, tão turbulenta quanto incrível, muito rica em afectos, em aprendizagem do mundo, da vida. Em desencontros. Em mim. E em botas! Tenho dois pares.
O tempo passa realmente depressa, quando vou a ver não fiz uma série de coisas e o ano já acabou. Mas tenho uma pele melhor por causa dos cremes que aprendi a usar. Tenho melhor ar, mas às vezes é mesmo só o ar, porque quando me apertam não sai mais nada. 
Planos para 2016: viagens onde seja preciso o passaporte. Ler. Ver menos séries. Mais filmes. Estudar mais, ando desleixada. Dar mais formações, gosto mesmo. Ir mais vezes à praia, ainda que chova. Arranjar maneira de voltar à Feira do Livro. Rir-me mais, tenho de dar ao abdominal. Resolver duma vez esta saga do pé que me atrapalha a vida, o que pode querer dizer que tenho de fazer desporto - portanto vou ter de transpirar! Ficar ao sol, nas esplanadas, a ler. Emocionar-me mais, este ano quase que não chorei! E na senda da emoção, se chegou altura da lamechice: amor! Para 2016 quero amor, amor ao próximo, amor do romântico, do familiar, daquele que se sente por quem não se conhece, por quem se conhece mal, por quem se conhece só de vista. 
Dia 1 recomeçamos - ramelosos, gordos, ressacados, mas recomeçamos esperançados: que o Nóvoa ganhe as eleições, que o Costa se aguente com o Jerónimo e com a Catarina, que a estupidez deixe de ser tão contagiosa. 
Amor e uma bimby - e o mundo era perfeito!

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