Sem FITAs

Sem tempo para dar uma respiradela mais funda, para fazer balanços (grandes ou pequenos) ou sequer consciencializar-me de tudo o que foi feito e desfeito, as coisas que eram para ser e não foram, as com que não se contava e ainda assim sucederam e tudo o que aconteceu e o que não aconteceu nas últimas duas semanas, faço a mala para sete dias, misturo pelo meio adereços e figurinos, quatro pares de sapatos (fora os meus), tento dividir o muito que há para levar pela bagagem de porão, a bagagem de mão e o saco de plástico que provavelmente me acompanhará nas próximas 24h. Embrulho vidros em toalhas, e tento listar mentalmente tudo o que falta acabar, despachar, responder nas próximas 18h. Não vou conseguir fazer tudo. Não vou. Mas se há coisa que aprendi e a que tenho dado uso é que não controlo tudo. E quando não posso controlar, dominar, gerir, transformar resta-me só convocar a paciência, respirar fundo e esperar. Esperar que corra tudo bem. Tudo se compõe. Tudo bate certo. No fim tudo se ajeita. Ou não fosse isto uma história de era uma vez.

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