a raiva também me chega
A melhor e mais eficaz arma que temos (nós cidadãos sem acesso ao poder; sem cunhas; sem tempo de antena; sem partidos por trás; sem favores para fazer a ninguém, porque ninguém os quer; sem dever favores, porque não os pedimos ou não conhecemos sequer ninguém que os possa fazer, portanto, cerca de 95% da população) ao nosso dispôr é protestar e boicotar.
Quanto à primeira é difícil, pelas razões acima explicitadas, fazê-lo de forma individual e isso ser visível ou eficaz.
Resta-nos portanto a segunda: boicotar.
É uma forma que arranjei para me vingar, de forma pessoal, daquilo que considero atrocidades, atropelos aos direitos ou à Constituição que os consagra, desonestidade (de todas as espécies), manipulação ou pura e simplesmente filha da putice.
A partir de hoje, estou em boicote à Sábado e farei por divulgá-lo e arrecadar adeptos.
A falta de pudor chegou longe demais e se nos políticos da oposição (e a partir de hoje Rebelo de Sousa entra nesta lista) me dá vómitos o aproveitamento que fazem de tragédias como a que aconteceu há uns dias, a manipulação, o sacudir de capotes, o populismo e a demagogia, em meios de comunicação supostamente isentos e com um código deontológico para respeitar, falar em vómito não é suficiente. Nem sequer para descrever a sensação de hoje quando vi a capa da revista Sábado desta semana.
O que aconteceu é de uma gravidade e de um nível trágico (se os há) que não tem precedentes e pode, naturalmente, deixar-nos com vontade de arranjar culpados, responsáveis e quais salomés desta vida, com necessidade de ver uma cabeça numa bandeja.
No entanto, e é aqui que a distinção se faz, temos ser mais razão e cabeça, que emoção e coração. Irmos para além do que nos dizem os "meios de comunicação isentos". 40 anos de democracia não chegaram para a tal "ordenação do território". 40 anos de democracia não foram suficientes para evitar tragédias como as que vivemos todos os anos pelo Verão, este em particular. Talvez mais 40 anos nos façam ser todos mais cidadãos, mais intervenientes, mais informados, mais coerentes e exigentes no que toca a responsabilidades e a eleições - se eles lá estiveram 40 anos (intercalando o poder, criando lobbys, interesses, empresas, off shores, etc, etc, etc) fomos nós que os lá deixámos estar. Somos nós que de 4 em 4 anos os elegemos. Somos nós, em última análise, os responsáveis pelo pouco trabalho, pelo estado em que estamos e pelo Estado que temos. Assumamos essa responsabilidade. Sejamos homens e mulheres de tomates, preocupados sempre e não só quando a tragédia acontece.
Provavelmente, desta forma, as tragédias até aconteceriam com menos frequência.
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