o fim do fim e de como tudo rola devagar

tudo leva muito tempo
tudo anda devagar
como na 2ª circular pela manhã
nada se pode decidir
tudo a conta gotas
nada se pode fazer de uma vez, porque tudo é a conta gotas, e as pessoas não têm tempo, não têm vontade, não têm pressa, receiam que em fazendo os pendentes não sobre mais nada com que encher o tempo
mas o tempo está sempre cheio
e os fins tardam, adiam-se, fechamos-lhes as portas, aos fins, como se não entrassem pelas janelas, pelas frinchas, pelos buracos que esquecemos de propósito para entrar o ar, o sol, a luz
resta sempre a sensação de algo por fazer, algo que se esqueceu, algo em que se falhou ou não se foi tão bom, tão célere, tão competente como se podia, tão eficaz
e fica a sensação de uma bola no estomago, que não se dissolve, que não abala nem rebola
às vezes é preciso chegar ao fim, ainda que seja um fim atrasado, adiado, ainda que imperfeito, ainda que inacabado. um fim pode ser inacabado, pode ser incompleto, pode ele próprio não encontrar o seu fim
o fim do fim pode não chegar nunca

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